Confesso que por minha cabeça não passava a ideia de visitar a Chapada Diamantina, sempre que pensava na Bahia me atraia os encantos do seu litoral e invariavelmente meus roteiros terminavam na Praia do Forte, em Itaparica, Mangue Seco ou Salvador mesmo.
Naquele ano, já se passaram 15 Janeiros, resolvi atender aos insistentes apelos da minha mulher e fui lá. Levei a tiracolo minha mãe, uma adoradora do turismo ecológico e rural. Instalados em Lençóis, uma cidade histórica e bastante simpática, talvez a capital da Chapada Diamantina, partimos para nossos passeios. Visitamos cachoeiras, grutas, lagos e outras atrações da região.
Na segunda noite da nossa estadia no local fomos circular, vagar pelas ruas da cidade. Encontramos a Rua da Baderna, uma estreita via só para pedestres, repleta de bares e restaurantes com mesas do lado de fora. Era sexta-feira e a rua estava abarrotada de turistas e moradores locais. Como eu estava caminhando um tanto relaxado demais, quase esbarro em um transeunte. Ao tentar me desculpar acreditei tratar-se de uma pessoa do meu relacionamento, seu rosto era muito familiar. Quando me preparei para uma saudação mais efusiva, ele indiferente acenou e seguiu seu caminho no meio da multidão. Fiquei intrigado e buscava constantemente nas caixas da minha memória quem seria aquele personagem. Cheguei a imaginar que fosse um ator da televisão.
Minha dúvida foi esclarecida na manhã seguinte quando um guia turístico foi ao nosso encontro para mais um dia de trilhas e passeios. Ao mencionar a dúvida que me ocorrera, ele prontamente respondeu:
- É o Led Zeppelin, ele tem uma casa aqui em Lençóis. Quando não está em Londres fica aqui o tempo todo. É seu refúgio espiritual.
Tudo estava elucidado. Na noite anterior eu tinha me deparado com Jimmy Page, o fabuloso guitarrista do Led Zeppelin, uma das bandas mais influentes da história do Rock.
Não precisa fazer um esforço muito grande para adivinhar que naquele dia o roteiro previsto foi totalmente modificado. Foi permutado por uma peregrinação aos locais frequentados pelo músico, num estabelecimento que era um misto de café e bar, passei uma boa parte da tarde saboreando umas cervejas e contemplando pôsteres e raros objetos dos componentes da banda. No local recebi a informação que o proprietário mantinha uma estreita amizade com Jimmy.
Ao regressar para Natal me tornei um potencial admirador das belezas naturais da Chapada Diamantina, mas nada marcou tanto essa viagem para mim quanto a noite que quase esbarro num Led Zeppelin.