Posicionamento do Departamento de Aterosclerose sobre metanálise do CTT (CholesterolTreatment Trialists) Collaboration


Daniel Branco de Araujo em nome da diretoria do Departamento de aterosclerose da SBC
Data: Fevereiro/2011

Ao final de 2010 importante estudo foi publicado na revista Lancet (2010;376:1670-1681) demonstrando a importância da redução dos níveis plasmáticos de LDL-colesterol. A metanálise realizada pelo CTT (CholesterolTreatment Trialists)envolveu a análise individual de 170.000 pacientes em 26 estudos randomizados que comparavam o tratamento intensivo versus tratamento convencional com estatinas (5 estudos com 39.612 pacientes, sendo dois estudos com 8.659 pacientes com síndrome coronariana aguda e três estudos com 30.953 pacientes com doença arterial crônica; seguimento médio de 5,1 anos). Em um segundo momento, foi realizada a análise do tratamento com estatinas versus placebo (21 estudos com 129.526 pacientes, com seguimento médio de 4,8 anos). Para cada tipo de estudo os investigadores calcularam a redução de risco total e a redução de risco para cada 39 mg/dL (1,0 mmol/L) de redução do LDL-colesterol.

Na comparação de estudos entre terapia mais ou menos intensiva, a redução média encontrada após 1 ano foi deaproximadamente 20 mg/dL de LDL-colesterol (0,51 mmol/L) entre os grupos tratamento convencional e intensivo respectivamente. Comparativamente,no tratamento mais intensivo, a redução de eventos cardiovasculares foi 15% maior do queno tratamento menos intensivo. Essas reduções foram significativas para morte por doença coronariana ou infarto do miocárdio (IAM) não fatal, revascularização miocárdica em e acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico. O aumento de AVE hemorrágiconão foi significativo, todavia, os autores ressaltam que se os estudos CORONA e SPARCL fossem analisados conjuntamente, haveria um pequeno aumento significativo neste evento adverso, mas, que seria 50 vezes menor que os benefícios alcançados em pacientes de alto risco.Na avaliação dos estudos com placebo, as reduções de risco para cada 1,0 mmol/L de LDL foram proporcionais. Quando combinados ambos os tipos de estudos, a redução de eventos cardiovasculares maiores por cada 1,0 mmol/L de LDL reduzido foi de 22% (RR 0,78; p < 0,0001), incluindo aqueles pacientes com LDL abaixo de 2,0 mmol/L (79 mg/dL). A redução para mortalidade global foi 10% para cada 1,0 mmol/L de LDL reduzido (p<0,0001), refletindo em grande parte uma redução significativa do número de mortes devido à doença coronariana (RR 0,80; p<0,0001) e outras causas cardíacas (RR 0,89; p = 0,002).

Enfim, após a publicação desta metanálise, a frase “quanto mais baixo melhor” passa a ter um verdadeiro significado. Em pacientes de alto risco para eventos cardiovasculares com LDL-colesterol abaixo de 70 mg/dl, o benefício na redução da mortalidade foi comprovado sem aumentar o risco de câncer como sugeriram estudos do passado.

Este estudo vem corroborar a importância do tratamento agressivo e contínuo do LDL-colesterol de acordo com as diretrizes do Departamento de Aterosclerose da SBC.

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