Posicionamento oficial do Departamento de Aterosclerose da SBC sobre o uso de estatinas e o risco de desenvolvimento de diabetes mellitus


Daniel Branco de Araujo em nome da Diretoria do Departamento de Aterosclerose da SBC
Data: abril/2010

Após a Publicação do estudo JUPITER ( Justification for the Use of statins in Primary prevention: an Intervention Trial Evaluating Rosuvastatin) publicado no The New England Journal of Medicine (Vol. 359 No. 21.2008), houve uma preocupação com seus resultados, que revelaram um aumento na incidência de pacientes diagnosticados com diabetes naqueles que fizeram uso de estatina em relação ao placebo. Em março de 2010 o jornal The Lancet ( 375 (Feb 27):735) publicou uma meta-análise que tenta clarear os resultados sobre o risco de desenvolvimento de diabetes mellitus, observado em ensaios clínicos que utilizaram essa classe de medicamento. Os professores Naveed Satar e David Preiss, da Glasgow Cardiovascular Research Centre, University of Glasgow, Reino Unido avaliaram 13 estudos com um N total de 91.140 participantes, dos quais 4.278 desenvolveram diabetes após uma média de 4 anos. Desses, 2226 usavam estatina e 2052 estavam no grupo controle. O risco relativo de desenvolvimento do diabetes foi de 9% a mais para os pacientes que usaram estatina por 4 anos (odds ratio [OR] 1,09; intervalo de confiança [IC] 95% 1,02-1,17), com uma heterogeneidade pequena entre os trabalhos (I2 = 11%). Portanto, é necessário que 255 pacientes sejam tratados com estatina por 4 anos para se obter um caso de diabetes. Entretanto, para cada 38,7mg/dL de redução no LDL-Colesterol com estatinas, houve uma redução de 5,4 eventos coronarianos maiores nos 255 pacientes tratados por quatro anos. Praticamente todas as estatinas disponíveis no mercado participaram da meta-análise, sendo este um provável efeito de classe.

Uma análise de meta-regressão mostrou que nos estudos onde a população era mais idosa, a incidência de diabetes foi maior. O estudo conclui que a terapia com estatina é associada a um risco ligeiramente aumentado de desenvolvimento de diabetes, mas o risco é baixo principalmente quando se olha a redução de eventos coronarianos. Portanto, o tratamento com estatinas não deve ser suspenso, devendo o risco do desenvolvimento de diabetes ser considerado quando da realização dos exames de segurança.

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