Setembro de 2012 │Monica S. Avila (mo_avila@hotmail.com)
Foi apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia em agosto de 2012 (ESC Congress) em Munique, Alemanha, o estudo Aldo- DHF que avaliou o efeito da espironolactona, um inibidor dos mineralocorticóides, na capacidade ao exercício e na função diastólica em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP). O objetivo secundário incluiu uma avaliação dos efeitos da espironolactona em parâmetros cardiopulmonares no exercício e em medidas ecocardiográficas.
Foi um estudo multicêntrico, randomizado, duplo cego e controlado por placebo. Os critérios de inclusão foram: pacientes em classe funcional NYHA II ou III, fração de ejeção do ventrículo esquerdo > 50%, evidência de disfunção diastólica no ecocardiograma, VO2 pico<25 ml/Kg/min e idade>50 anos. Os pacientes que preencheram os critérios foram randomizados para receber espironolactona 25 mg/dia ou placebo, e foram acompanhados por 12 meses.
Foram incluídos 422 pacientes. A espironolactona melhorou de forma significante a função diastólica nos pacientes com ICFEP, avaliada pelas medidas do doppler tecidual (E/e' e outras medidas ecocardiográficas), mas não apresentou benefício nas demais variáveis, como capacidade máxima ao exercício, classe funcional NYHA ou qualidade de vida após 1 ano (veja figura abaixo). Os efeitos adversos mais comuns foram elevação do potássio e piora da função renal. Houve uma queda da pressão arterial com a espironolactona, porém o benefício da droga se manteve mesmo após o ajuste estatístico para pressão arterial, mostrando um efeito independente da medicação na melhora da função diastólica.
Mudança da disfunção diastólica com a espironolactona Mudança do VO2 pico com a espironolactona
O uso da espironolactona melhorou a função diastólica em pacientes com ICFEP, porém não melhorou as medidas no teste de esforço, os sintomas ou a qualidade de vida dos pacientes. Esse estudo demonstrou que a aldosterona pode ser uma droga promissora para o controle da disfunção diastólica, porem não apresentou impacto nos sintomas. Os autores do estudo atribuem este achado discrepante ao curto tempo de seguimento dos pacientes e sugerem que estudos maiores e com maior tempo de acompanhamento devem ser realizados a fim de se entender o real impacto da espironolactona na ICFEP.
Esse estudo ainda não foi publicado.
Referência: http://www.escardio.org/congresses/esc-2012.
Av. Marechal Câmara, 160
3º andar - Sala: 330 - Centro