Muitos estudos já abordam comorbidades comuns decorrentes da Insuficiência Cardíaca (IC), como anemia, resistência à insulina e insuficiência renal. Porém, a caquexia cardíaca apresenta-se muito frequente em pacientes com insuficiência cardíaca crônica grave. Esta condição clínica consiste no diagnóstico de diminuição de tecido adiposo, assim como a redução de massa muscular e diminuição da densidade óssea, aumentando o risco para osteoporose. Além disso, ocorre perda de peso de 7,5% ou mais do peso corporal habitual no período menor ou igual a seis meses, associada a anemia, baixos níveis de albumina e marcadores inflamatórios.
Como na IC ocorre a diminuição da perfusão sanguínea, pacientes em classes mais graves possuem alterações na morfologia intestinal, o que interfere na permeabilidade e absorção de nutrientes, isto, associado muitas vezes a anorexia (falta de apetite) pode interferir ainda mais no prognóstico de depleção muscular e perda de peso. Além disso, a absorção de gorduras e proteínas também pode ser prejudicada em pacientes com IC grave, aumentando ainda mais o catabolismo proteico, ou seja, levando a depleção muscular e piora do quadro clínico.
Assim, pacientes com IC classes III e IV devem manter uma alimentação adequada e o acompanhamento médico e nutricional é indispensável, a fim de monitorar a ingestão alimentar e a evolução do quadro clínico. Estudos mostram que ácidos graxos ômega 3 (presente em peixes como atum, salmão, arenque, sardinha), ácido linoleico (azeite de oliva extra virgem, nozes, castanhas) e a carnitina (carnes com pouca gordura) atuam na diminuição das citocinas inflamatórias o que poderia prevenir o risco de caquexia cardíaca. O aumento da ingestão de cálcio (leite desnatado, queijos brancos, iogurtes) e vitamina D (peixes, iogurte) também pode ser benéfico prevenindo a progressão de osteopenia e osteoporose.
Além da desnutrição por perda de massa magra, é comum em pacientes com IC com caquexia cardíaca a deficiência de micronutrientes como magnésio e zinco (presentes em frutas, amêndoas, vegetais verdes escuros e cereais integrais). Estes minerais assim como a vitamina C (frutas cítricas, couve manteiga, morango) e alimentos fontes de flanovóides (uva, maçã, brócolis, soja) são excelentes antioxidantes, reduzindo o estresse oxidativo da doença.
Assim, o mais importante é o acompanhamento do paciente, verificando sua aceitação alimentar diária evitando o comprometimento do estado nutricional e a prevenção da caquexia cardíaca.
Fontes:
1) SANDEK, A; DOEHNER, W; ANKER, S.D; VON HAEHLING, S. Nutrition in heart failure: an update. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. V. 12, n.4, p. 384-91. Jul, 2009.
2) OKOSHI, M.P; CAMPANA, A.O; OKOSHI, K; PAIVA, S.A.R.; CICOGNA, A.C. Caquexia em insuficiência cardíaca. Rev Bras Med. V.58, n.10, p.742-9. 2001.
3) HUGHES, C; KOSTKA, P. Chronic congestive heart failure. In SHILS, M.E; OLSON, J.A; SHIKE, M; ROSS, A.C. Modern nutrition in health and disease. Williams & Wilkins, Baltimore, 1999, p. 1229-34.
Créditos:
Fernanda Dalpicolo
CRN-3 16004
Nutricionista Clínica - Hospital do Coração - SP
Karina Valentim Martins
Graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo
Estagiária de Nutrição Clínica - Hospital do Coração - SP
Av. Marechal Câmara, 160
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