Esquina Científica

Decage News - 013 (Maio/2015)



Artigo Comentado: Eduardo Pitthan (RS)

Juillière Y, Suty-Selton C, Riant E, Darracq JP, Dellinger A, Labarre JP, Druelle J, Mulak G, Danchin N, Jourdain P; ODIN cohort participants.
Collaborators (185)

Resumo Científico:

INTRODUÇÃO:
A insuficiência cardíaca crônica (ICC) é uma doença grave e de alta prevalência em idosos. Programas de gestão da ICC, que agreguem a implementação da Educação Terapêutica de Pacientes (ETP), irão desempenhar um papel fundamental na melhoria da prestação de cuidados e significativamente na redução de mortalidade e hospitalizações por ICC.

OBJETIVOS:
Para avaliar de forma global o perfil do manejo terapêutica da ICC na França, avaliou-se a metodologia terapêutica aplicada por cardiologistas em clínicas especializadas em terapia avançado que implementaram a ETP. O grande estudo coorte ODIN descreveu e comparou a prescrição de drogas cardiovasculares de acordo a idade e tipo de ICC.

MÉTODOS:
De 2007 a 2010 (média de acompanhamento 27,2 meses), pacientes com ICC foram incluídos prospectivamente na coorte francesa do 'mundo real. O estudo multicêntrico desenvolvido em centros previamente treinados em ETP. Os pacientes foram agrupados de acordo com a idade (<60 anos, de 60 a <70 anos, de 70 a <80 anos e
≥ 80 anos) e tipo de ICC (caracterizado pelo cut off de FEVE: Reduzido, borderline ou preservado). A prescrição da medicação foi descrita e quantificada e a mortalidade foi avaliada em longo prazo follow-up associando-se com idade, FEVE e medicação utilizada por regressão logística bi e multivariável de Cox.

RESULTADOS:
A coorte consistiu de 3.237 pacientes (67,6 anos; 69,4% homens). O grupo com a faixa etária mais elevada apresentou a maior FEVE. Os bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona foram prescritos de forma significativamente menos freqüente na população de idosos, associando-se inversamente com o aumento da idade . As doses médias dos medicamentos mais prescritos na ICC permaneceu até 50% menor do que o recomendado para a maioria das drogas em todas as idades e grupos de FEVEsegundo as Diretrizes de ICC. A prescrição dos medicamentos foram relacionados à etiologia da ICC conforme a FEVE reduzida ou preservada. A diminuição global na prescrição de drogas cardiovasculares foi observado em todas as classes de medicamentos, exceto os bloqueadores de canal de cálcio, em todos os tipos de ICC. A sobrevivência foi relacionada com a idade, mas não ao tipo de ICC.


Figura 1. A. Distribuição dos tipos de ICC (fração de ejeção <45% insuficiência cardíaca [com fração de ejeção reduzida , HF-REF], 45-50% e com limítrofe fração de ejeção, HF-BEF e> 50% com fração de ejeção preservada, ICFEP])
Distribuição de acordo com a faixa etária (<60 anos [Age1], de 60 a <70 anos [Age 2], de 70 a <80 anos [Age 3], ≥80 anos [Age 4]). B.


Figura 2. Kaplan-Meier curva de sobrevida de 2 anos de mortalidade por qualquer causa de acordo com a (A) e idade (B) tipo de insuficiência cardíaca crônica. HF-REF: insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida; ICFEP: insuficiência cardíaca com fração de ejeção borderline; HF-PEF: insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.

DISCUSSÃO
Foi avaliado o efeito do impacto da idade e do tipo de ICC (definida pelo nível de FEVE) na prescrição qualitativa e quantitativa de medicamentos cardiovasculares em um grande grupo de pacientes com ICC em todo território da França. Na rotina da prática clínica, observou-se que gradativamente com o aumento da idade e FEVE >50; foram associados com uma diminuição na taxa de prescriçôes de todas as principais drogas recomendadas. Uma diminuição na prescrição de drogas de acordo com a idade persistiu, independentemente do tipo de ICC (representado pelo nível de FEVE). A sobrevivência a longo prazo foi influenciada pela idade, mas não pelo do tipo de ICC. O papel de alta dosagem de iECAs em discussão segundo os resultados do Estudo ATLAS , demonstraram evidências das vantagens, mesmo nas pessoas idosas.

Esse estudo confirmou a melhora na porcentagem da prescrição dos principais medicamentos prescritos ICC descrito em publicações como The Impact-Reco Programme por de Groote.

Verificou-se um aumento acentuado na taxa de prescrição de beta-bloqueadores, em comparação com os resultados da Pesquisa de Impacto-Reco (65 a 81%) , enquanto as taxas de prescrição para os bloqueadores do sistema renina-angiotensina (IECA, ARBs ou ARM) manteve-se inalterada. Estes resultados evidenciam que os cardiologistas responsáveis pela terapia da ICC implementaram o importante papel dos betabloqueadores na prevenção da mortalidade. Em 2013, a ivabradina pode ser iniciado antes da otimização de titulação dos beta-bloqueadores, com base nos resultados do estudo SHIFT.

Como já foi mostrado pela pesquisa IMPACT-Reco , a idade foi um fator limitante dos mais importante para a prescrição de terapia medicamentos na ICC. Os pacientes mais idosos recebem menos IECA / BRA, beta-bloqueadores e ARM, mas mais diuréticos comparativamente as outras faixas etárias.

No entanto, a idade é também muitas vezes uma justificativa inconsistente para não introduzir tratamento recomendado, mesmo que comorbidades como a presença de insuficiência renal, história de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica permanecem fatores prognósticos para as taxas de prescrição mais baixos. A idade persiste como fator prognóstico independente para menores taxas de prescrição de drogas cardiovasculares nos grupos de comorbidades semelhantes de outras faixas etárias.

Apesar da heterogeneidade da HF-PEFe da HF-REF, as taxas de prescrição permaneceram semelhante, a idade em ambos grupos apresentou um efeito semelhante; as taxas foram significativamente menores para os principais medicamentos recomendados em geral.





Figura 5. Distribuição das classes de drogas cardiovasculares de acordo com as faixas etárias, em pacientes com Insuficiência Cardíaca com fração de ejeção reduzida (IC-RFE). IECA: inibidor da enzima de conversão da angiotensina; ARB: bloqueador de receptor de angiotensina; BB: beta-bloqueadores; MRA: antagonista mineralocorticoide-receptor



Figura 7. Distribuição das classes de drogas cardiovasculares de acordo com as faixas etárias, em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP). IECA: inibidor da enzima de conversão da angiotensina; ARB: bloqueador de receptor de angiotensina; BB: beta-bloqueadores; MRA: antagonista mineralocorticoide-receptor

CONCLUSÃO:
Esse estudo ODIN evidenciou que apesar da gestão por cardiologistas particularmente focados no manejo de ICC e especificamente treinados para oferecer educação terapêutica de pacientes a prescrição médica de drogas cardiovasculares são substancialmente diferentes das Diretrizes. A idade e o tipo de ICC sugerem ser fatores importantes na falta de adesão às diretrizes. No entanto, apenas a idade influenciou a mortalidade.

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1875213613003446