Esquina Científica

Decage News - 011 (Março/2015)

Importância da Fragilidade em Pacientes com Doença Cardiovascular
José Antonio Gordillo de Souza- SP
Roberto Dischinger Miranda – SP
Disciplina de Geriatria e Gerontologia – UNIFESP-EPM

Artigo de revisão publicado no European Heart Journal em 2014 avaliou a importância de Fragilidade nos indivíduos com doença cardiovascular.

O artigo inicia revisando como o envelhecimento populacional impacta em um número cada vez maior de idosos com doença cardiovascular e fragilidade. Atualmente estima-se em 4,1 milhões de mortes por doença cardiovascular por ano na Europa, sendo destes 82% com mais de 65 anos e 46% com mais de 75 anos.

A fragilidade é uma síndrome clínica complexa que deve ser avaliada em todo processo de tomada de decisão médica e na avaliação do prognóstico global destes pacientes.

É importante que os cardiologistas e os cardiogeriatras estejam atentos para este diagnóstico, que muitas vezes passa desapercebido pela maioria dos cardiologistas.

Os critérios de Fragilidade devem ser aplicados de rotina em todo idoso com doença cardiovascular.

Questionários de triagem também devem ser usados de rotina na avaliação destes pacientes.



A prevalência da Fragilidade em idosos com doença cardiovascular chega a ser 3 vezes maior do que os idosos sem doença cardiovascular. No Cardiovascular Health Study idosos frágeis tinham mais doença cardiovascular subclínica. A prevalência de Fragilidade chegou a 20 % em idosos acima de 65 anos submetidos a angioplastia e 27% em idosos acima de 70 anos com doença coronária obstrutiva detectada na angiografia. Fragilidade também é muito freqüente em idosos submetidos a troca valvar aórtica percutânea e em idosos com insuficiência cardíaca.

A fragilidade tem um impacto muito grande no prognóstico destes pacientes. Um estudo da Mayo Clinic de idosos acima de 65 anos submetidos a angioplastia mostrou mortalidade em 3 anos de 28% nos frágeis contra 6% nos não frágeis.

Fragilidade também é um forte preditor de mau prognóstico na insuficiência cardíaca, nos pacientes submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica e nos pacientes submetidos a troca valvar aórtica percutânea.

É fundamental o diagnóstico de fragilidade nesta população para que o médico cardiologista saiba estimar de forma mais precisa o prognóstico e tomar as decisões corretas em relação a quais procedimentos e tratamento realizar nesta população, sempre pesando o risco benefício dos tratamentos propostos. Também é fundamental que o médico cardiologista saiba orientar o tratamento da fragilidade de seus pacientes para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos idosos com cardiopatia.

Referência: European Heart Journal (2014) 35, 1726–1731 doi:10.1093/eurheartj/ehu197.

Veja o artigo completo em anexo