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Decage News - 007 (Outubro-Novembro/2014)

Comorbidades: Depressão e Suicidalidade em Idosos
Eduardo Pitthan - RS

A suicidalidade em idosos é um problema que não é debatido suficientemente por falta de informação. É importante a discussão e conhecimento dos dados que mapeiam o tema no nosso meio. O maior grupo de risco para suicídio é o de pessoas acima dos 65 anos, aumentando com a idade1. Estudos apontam que a maior parte dos idosos que morreram por suicídio (71% a 90%) sofriam de depressão2,3.
O Ministério da Saúde e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) colocam o país entre os dez primeiros do mundo em números absolutos de depressão.4

O número de doenças aumenta o risco cumulativo de suicídio5. Os idosos tem seis vezes mais comorbidades, doenças com sintomas incapacitantes (AVC) e dor crônica, associadas com deficiências funcionais, cognitivas e estigma social, que constituem aumento do risco de suicídio. Os idosos são mais relutantes para se queixar de depressão ou explicitar ideias suicidas, por isso, poucos são diagnosticados e só uma minoria é tratada. Esses fatores dificultam a prescrição, o início e a adesão ao tratamento5.
 
Diante da importância desses transtornos e da dificuldade diagnóstica, a avaliação sistemática dos indivíduos idosos com queixas de tristeza e/ou anedonia pode contribuir para melhorar a detecção do risco de suicidalidade. Podemos, por intermédio da Avaliação Geriátrica Global (AGA)6, graduar o grau de incapacidade e propor medidas de reabilitação. A AGA e a Escala de Depressão Geriátrica (EDG) são os instrumentos utilizados para o rastreamento da depressão em idosos. Diversos estudos mostraram que ela oferece medidas válidas e confiáveis para a diagnóstico da depressão e medidas profiláticas das suicidabilidade em idosos.7, 8

Bibliografia consultada
1 - Nock MK, Borges G, Bromet EJ, Cha CB, Kessler RC, Lee S. Suicide and Suicidal Behavior. Epidemiol 2008; 30(1):133-154.
2-Mitty E, Flores S. Suicide in Late Life. Geriatr Nurs 2008; 29(3):160-165.
3- Shah A, Bhat R. Are elderly suicide rates improved by increased provision of mental health service resources? A cross-national study. Int Psychogeriatr 2008; 20(6):1230-1237.
4- Camarano AA, Kanso S, Pasinato MT, Leitão e Melo J. Idosos brasileiros: indicadores de condições de vida e de acompanhamento de políticas. Brasília: Presidência da República, Subsecretaria de Direitos Humanos; 2005.
5- Conwell Y, Thompson C. Suicidal Behavior in Elders. Psychiatr Clin North Am 2008; 31(2):333-356.
6- Liberman A., Viana de Freitas E., Savioli Neto S., F. Gravina Taddei C, - Editora Manole Ltda. 2005 Diagnóstico e tratamento em Cardiologia Geriátrica – DECAGE
7- Almeida OP, Almeida SA. Short versions of the geriatric depression scale: a study of their validity forthe diagnosis of a major depressive episode according to ICD-10 and DSM-IV. Int J Geriatr Psychiatry 1999;14(10):858-65.
8- Montorio I, Izal M. The geriatric depression scale: a review of its development and utility. Int Psychogeriatr 1996;8(1):103-12.