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Decage News - 003 (Junho/2018)
Derivation and Validation of a Geriatric-Sensitive Perioperative Cardiac Index
Artigo Comentado: Adriana Pêpe (BA)
Artigo publicado no Journal American Heart Association em 2017, sobre a validação de um novo escore de risco cardíaco perioperatório sensível na população geriátrica, o GSCRI.
Introdução:
Pesquisadores têm desenvolvido instrumentos clínicos para estimar risco cardíaco no perioperatório de cirurgias não cardíacas. O RCRI (Revised Cardiac Risk Index) também conhecido como critérios de Lee e o Gupta MICA (Myocardial Infarction and Cardiac Arrest) são índices amplamente utilizados para estimar o risco perioperatório na população americana; entretanto, nenhum instrumento é especificamente desenhado para avaliar esse risco em pacientes geriátricos (>65 anos).
Objetivo:
Os objetivos desse estudo foram desenvolver e validar um índice de risco cardíaco geriátrico-sensível. Sua hipótese era que um novo índice geriátrico-sensível, derivado de dados especificamente na população idosa, poderia englobar diferentes respostas aos fatores de risco dessa população.
Para isso, destinaram-se a:
· Investigar a performance dos já conhecidos RCRI e Gupta MICA na população geriátrica;
· Avaliar a incidência de MICA após uma cirurgia não cardíaca, sem contexto emergencial, através de um espectro etário;
· Desenvolver um índice de risco cardíaco perioperatório geriátrico-sensível (GSCRI), otimizando seu uso em pacientes idosos e sensível à singularidade clínica e fisiológica dessa população.
O desfecho de interesse foi a presença de infarto miocárdico e parada cardíaca dentro de 30 dias após a cirurgia.
Métodos:
O estudo foi desenhado utilizando o NSQIP (National Surgical Quality Improvement Program) 2013, que é uma coorte com dados multicêntricos de desfechos cirúrgicos coletados prospectivamente por profissionais treinados numa moda sistemática (N = 584,931) (210,914 idade ≥65) e validada na coorte geriátrica NSQIP 2012 (N = 485,426) (idade 172,905).
O modelo de regressão utilizado para seleção de variáveis foi o LASSO (Least Angle Shrinkage and Selection Operator). A área sob a curva (ASC) foi comparada entre GSCRI, RCRI e Gupta MICA no conjunto de dados de 2012.
Nesse modelo de regressão, as variáveis preditoras para infarto do miocárdio e parada cardíaca (MICA) encontradas com significância estatística foram: história de AVC, classificação da ASA, categoria cirúrgica, status funcional, nível de creatinina, história de insuficiência cardíaca descompensada, status do diabetes (uso ou não de insulina).
Resultados:
O GSCRI teve uma área sob a curva de 0,76 na coorte de validação entre pacientes geriátricos.
Quando o Gupta MICA foi testado em pacientes geriátricos na coorte de validação, uma deterioração significativa (17%) foi observada, bem como uma significativa subestimação do risco. A ASC do GSCRI de 0,76 no subgrupo geriátrico foi significativamente maior (P <0,001) do que os modelos RCRI (AUC = 0,63) ou Gupta MICA (AUC = 0,70), superando os modelos RCRI e Gupta MICA em pacientes geriátricos em 13% e 6%, respectivamente, com uma variação de ASC e valor de P de 0,13 (P <0,001) e 0,06 (P <0,001).
Conclusões:
Apesar dos resultados evidenciando que o GSCRI pareceu ser um preditor significativamente melhor de risco cardíaco em pacientes geriátricos submetidos à cirurgia não-cardíaca nesta população, o estudo apresenta algumas limitações. Existe uma escassez de dados específicos de geriatria disponível no conjunto de dados. Variáveis adicionais podem fornecer mais prognóstico e valor preditivo que é relevante para esta população. Além disso, a validação externa foi realizada utilizando um ano diferente do conjunto de dados da mesma organização: NSQIP.
Desse modo, este artigo demonstra o conceito de desenvolver um modelo preditivo na população geriátrica, em contraste com trabalhos anteriores onde o desenvolvimento do modelo é através de um maior espectro etário. Atualmente, pacientes geriátricos têm baixa participação em ensaios clínicos e são frequentemente excluídos devido a comorbidades. Quando incluídos, os dados dos idosos participantes são frequentemente reunidos com participantes de idades mais jovens que têm um risco muito menor, o que possivelmente leva para estimar os parâmetros de forma imprecisa. Portanto, a incorporação desse escore à prática clínica pode vir a ser um instrumento adjuvante, mas ainda requer novos estudos.