Esquina Científica
Decage News - 003 (Junho/2018)
The Impact of Left Ventricular Diastolic Dysfunction on Clinical Outcomes After Transcatheter Aortic Valve Replacement
Masahiko Asami, Jonas Lanz, Stefan Stortecky, Lorenz Räber, Anna Franzone, Dik Heg, Lukas Hunziker, Eva Roost, George CM Siontis, Marco Valgimigli, Stephan Windecker and Thomas Pilgrim
JACC: Cardiovascular Interventions 2018;11(6)
Comentado: Alvaro Cattani - PA
No Congresso Europeu de Valvula (Eurovalve) acontecido em Palermo em abril deste ano, um tema foi abordado com bastante preocupação por debatedores em pacientes submetidos a TAVI. Foi chamado no evento de Disfunção Diastólica Aguda (talvez melhor chamar de descompensação diastólica aguda).
Alguns pacientes submetidos a TAVI tem uma melhora clínica inicial e a partir de 30 dias após o procedimento se apresentam na emergência com dispneia (piora da classe funcional) e aumento da mortalidade.
Um estudo publicado este ano no JACC Cardiovascular Interventions, da Universidade de Bern, na Suiça, avaliou o impacto da disfunção diastólica e o resultado clínico em pacientes submetidos a TAVI. Todos os pacientes eram idosos, com indicação para TAVI. Os pacientes foram classificados conforme a disfunção diastólica encontrada no período pré-TAVI em 3 graus e foram acompanhados por 1 ano. O resultado encontrado foi de que quanto maior a disfunção diastólica pré-procedimento, maior a mortalidade. Para pacientes com Disfunção Diastólica Grau I o risco de morte foi 2,3 vezes maior, para Grau II o risco foi 2,5 vezes maior e para Grau III o risco foi 4,4 vezes maior.
Os debatedores inferiram isso a uma lógica de que, após o implante da TAVI o stress de parede no ventrículo esquerdo reduz drasticamente, e isto faz com que exista um processo de reversão de hipertrofia ventricular esquerda. Mas, como sabemos, fibrose não reverte como a hipertrofia. Tão precoce como 30 dias os sintomas aparecem, principalmente em pacientes com maior grau de disfunção diastólica pré-TAVI.
Se a hipótese de que o mismatch pós-operatório entre hipertrofia/fibrose seja o mecanismo do aumento de mortalidade nestes pacientes seja confirmada ou não, o que temos é mais uma questão a ser considerada sobre quando indicar a cirurgia na estenose aórtica. Se mesmo a disfunção diastólica grau I impacta negativamente na sobrevida, uma consideração maior sobre este aspecto, após estes resultados, certamente será necessária quando da indicação de intervenção.