PRESSÃO VENOSA CENTRAL
Em 1962 foi introduzida a monitorização
da pressão venosa central (PVC) à beira leito, que foi o
primeiro passo importante no acesso à função cardíaca e ao
volume intravascular. Para medir a PVC utilizamos um cateter
de único lúmen, ou vários lúmens, que é introduzido
através de uma veia periférica ou da punção de uma veia
central, até que a ponta do cateter atinja a veia cava
superior. Como a veia cava superior comunica-se diretamente
com o átrio direito, a pressão venosa central, assim como a
pressão do átrio direito (PAD) podem ser medidas
continuamente através de um transdutor de pressão.
A PVC mede diretamente a pressão nas
grandes veias torácicas, assim que o sangue venoso retorna ao
coração. Geralmente, a PVC oscila em concordância com as
variações do retorno venoso. Nos pacientes com ausência de
obstrução de válvula tricúspide, a PVC a PAD são iguais
à pressão diastólica final de ventrículo direito, e
representam a pressão de enchimento ventricular direito. Esta
correlação é possível, porque quando a válvula
tricúspide está aberta, o átrio direito e o ventrículo
direito se comunicam abertamente, e as pressões se equilibram
no final da diástole. Os valores normais de PVC,
considerando-se a linha axilar média como o zero do
transdutor, variam de 0 a 8 mmHg. Na presença de funções
ventriculares direita e esquerda normais e na ausência de
doença cardiovascular significante, existe uma correlação
razoável entre PVC, PAD e pressão de capilar pulmonar (PCP).
A correlação entre PVC e PCP em pacientes com doença
arterial coronariana é boa na presença de fração de
ejeção (FE) de ventrículo esquerdo normal (>50%), e na
ausência de áreas discinéticas de ventrículo esquerdo. Uma
correlação fraca é encontrada em pacientes com FE abaixo de
40% e com áreas discinéticas de ventrículo esquerdo. Existe
fraca correlação entre PVC e, PAD ou PCP em pacientes com
doença valvular cardíaca significante e naqueles com
hipertensão pulmonar. Na presença de doença
cárdio-pulmonar, a correlação entre PVC (PAD) e PCP também
não é boa. Nos pacientes com infarto agudo do miocárdio, a
correlação entre PAD e PCP é fraca, pela diminuição aguda
da complacência ventricular esquerda, e em alguns casos pela
coexistência de isquemia ou infarto de ventrículo direito 1.
Nestes casos, é preferível a monitorização concomitante de
PAD e de PCP para se acessar a disfunção ventricular direita
e esquerda, assim como as suas causas.
É importante lembrar que a PVC medida
através dos transdutores de pressão eletrônica registram a
pressão em milímetros de mercúrio (mmHg). Um método
alternativo de aferição da PVC é através do manômetro de
água, sendo então a pressão registrada em cm H2O.
Como o mercúrio é 1,36 vezes mais denso que a água,
pressões medidas em cm H2O são divididas por 1,36
para converter as unidades para mmHg (PVC em cm H2O/1,36
= PVC em mmHg).
O cateter venoso central também permite a
coleta de amostras sanguíneas, de especial interesse para a
análise da pressão parcial venosa de oxigênio (PvO2),
que se encontra rebaixada em casos de choque (<60 mmHg).
Serve também como via de infusão de fluidos e de drogas
vasoativas.
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