Na insuficiência cardíaca aguda secundária á disfunção sistólica e/ou diastólica são ativados vários sistemas com produção de substancias que determinam um estado de vasoconstrição importante, com aumento de resistências vascular sistêmica e pulmonar e consequente aumento de pos-carga à ambos os ventrículos e consequente aumento do consumo de O2 que resulta em queda do debito cardíaco e redução de perfusão tecidual. Portanto, existe um racional fisiopatológico consistente para a utilização de vasodilatadores nestas condições. Os vasodilatadores tradicionais como o Nitroprussiato e a Nitroglicerina exercem efeitos hemodinâmicos importantes e consistentes como redução de resistências pulmonar e sistêmica, redução de pressões de enchimento e aumento de debito cardíaco e melhora da perfusão tecidual. Infelizmente estas não foram avaliadas em grandes estudos randomizados e necessitam de monitoração em unidade de terapia intensiva para sua administração, esses fatores são responsáveis pela sua sub-utilização nos diversos cenários da IC aguda. Em minha opinião são drogas importantes, seguras e deveriam ser mais utilizadas na abordagem inicial dos pacientes com IC aguda. No cenário de novas drogas, o Nesiritide, a despeito de resultados positivos iniciais, fracassou em demonstrar beneficio quando foi avaliado em um grande estudo randomizado. Mais recentemente a Relaxina, uma nova opção de droga vasodilatadora foi avaliada no estudo Relax-AHF e demonstrou beneficio agudo em alivio de dispneia (desfecho primário) e um achado (não foi desfecho primário ou secundário) de redução de mortalidade em 180 dias. Na minha opinião, este estudo tem inúmeros problemas na sua concepção que podem justificar o resultado "positivo". Entraram no estudo uma população que se encontrava hipertensa no momento da admissão (indicação formal de vasodilatador) e com grande potencial para beneficio, 45% dos pacientes randomizados tinham fração de ejeção preservada e desfecho primário é muito frágil e de grande subjetividade. O achado de redução de mortalidade tardia à intervenção (180 dias) é provavelmente um achado fortuito. Portanto, em minha opinião este estudo deveria ser reproduzido em população mais homogênea, com IC por disfunção sistólica e com desfechos mais duros só assim teremos uma avaliação mais impactante e segura do seu potencial beneficio no tratamento da IC aguda.
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