Coluna


O Abre fecha das válvulas do coração

Tum-tá, tum-tá, bate, bate o coração dentro do no peito de quem sente grande emoção. Um dos responsáveis por este som são válvulas que mais de 100 mil vezes por dia abrem e fecham, sem que tenhamos consciência disso.

Aórtica, mitral, pulmonar e tricúspide são os nomes das quatro válvulas que trabalham harmonicamente com o músculo cardíaco (miocárdio).

Elas funcionam como comporta, uma abre e outra fecha, controlando o fluxo de sangue no coração. Do lado direito do coração, há um abre e fecha que direciona o sangue venoso para os pulmões e do lado esquerdo há outro que ajuda o sangue oxigenado ser encaminhado para o resto do corpo.

Como o coração tem válvulas que até o próprio dono desconhece, o que acontece é que ele só passa a saber delas, quando o médico lhe disser que uma delas não está funcionando muito bem.

A doença da válvula (valvopatia) sobrecarrega o trabalho do coração, provoca adaptações para a manutenção do bombeamento do sangue, e com o tempo, ocorrem desconfortos para a vida do paciente.

O mau abrir (estenose) ou o mau fechar (insuficiência) de uma válvula causam volumes e pressões anormais e faz o coração crescer (cardiomegalia). Um sopro surge em meio ao tum-tac, identificado por meio de um estetoscópio.

Numa primeira fase da valvopatia, o paciente consegue executar suas tarefas, é como se nada estivesse acontecendo. O médico lhe recomenda algumas precauções, aconselha revisões periódicas e explica a importância de ficar atento. A ausência de sintomas não significa, contudo, que a intensidade da lesão continue sempre a mesma. É como um copo que está se enchendo; na metade ou em três quartos, está tudo tranqüilo, porque não atingiu ainda a borda.

Até que um dia o copo transborda, cansa-se com facilidade, o coração palpita num esforço, uma dor no peito assusta. Exames são solicitados, receitas indicam o uso de medicamentos e ouve-se a afirmação incisiva do médico: não dá mais para continuar com a válvula deste jeito.

E aí, válvula tem conserto? A resposta é sim!

Dependendo do tipo de lesão, o tratamento pode ser uma plástica na válvula para se restabelecer a capacidade de abrir e fechar corretamente. Na impossibilidade desta conservação, faz-se a substituição da válvula por uma prótese que devolve ao coração o fluxo de sangue desejável.

A operação no portador de doença na válvula cardíaca tem um tempo certo. A experiência ensinou que boa qualidade de vida e certos números favoráveis nos exames significam fruta verde que deve ser mantida na árvore por conta da natureza; mas, assim que amadurecer, aí é a hora de colocar a mão.

Ao médico cumpre saber o momento de esperar e o momento de tomar a iniciativa. Ao paciente, cabe ir informando ao médico como está se sentindo.

O que ambos precisam é evitar que a fruta passe do ponto de colher. O sabor que se pretende de uma boa recuperação terapêutica pode, então, ficar azedo. Fica aqui o recado aos que são portadores de valvopatia: a chave para abrir a válvula e fechar adequadamente de novo está em suas mãos; ao persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado.

Fonte: Dr. Max Grinberg