Coluna


Arritmias Cardíacas no esportista



Arritmia é uma irregularidade da pulsação (dos batimentos cardíacos), seja as falhas chamadas de extrassístoles, a diminuição da pulsação abaixo de 60 por minuto chamada de bradicardia (alguns pesquisadores propõem que seja abaixo de 50/min) e aceleração dos batimentos, acima de 100/min que chamamos de taquicardia. A arritmia seja qualquer das citadas pode ser benigna ou não, depende de uma análise cardiológica criteriosa, onde exames devem ser realizados para quantifica-la e qualifica-la. Nesse nosso artigo interessam as que têm algo a ver com exercícios e esportes. O que sabemos, por nossas pesquisas feitas em milhares de esportistas e atletas no Inst Dante Pazzanese de SP e no HCor – Hospital do Coração de SP , é que 15% deles apresentaram arritmias nos eletrocardiogramas (ECG) iniciais de avaliação, mas que foram consideradas benignas sem preocuparem. Na população em geral essa porcentagem não passa de 10% dos que fazem o ECG. Essa constatação tem aumentado pois quanto mais intensa é a atividade física ou esportiva, mais arritmias temos detectado.

Para podermos caracterizar esse achado, se perigoso ou não, na consulta precisamos descobrir se temos uma doença genética, adquirida por alguma infecção por vírus, por excesso de exercícios físicos geralmente sem orientação profissional ou então o mais tétrico... pelo uso de anabolizantes, energéticos, estimulantes fato esse cada vez mais frequente. Até mortes por arritmias desencadeadas pelos estimulantes, por lesão direta dos anabolizantes no musculo cardíaco (miocárdio), entre esportistas que os usaram mesmo em pequenos ciclos, foram encontradas lamentavelmente. Podem reparar os vendedores pela internet prometem milagres e nenhum risco, o que na vida real é totalmente falso.

Uma arritmia cardíaca pode também ser provocada por desidratação aguda numa corrida, seja por hipertermia (elevação extrema da temperatura corporal) ou mesmo pela perda de sódio do corpo ou pelo desbalanço do sódio pela ingestão de apenas água ao invés de isotônico, em dias muito quentes com grande perda de peso (mais de 1,5 kg) ou longa duração do exercício físico.

Uma arritmia tristemente famosa é a fibrilação ventricular súbita, que é sinônimo de parada cardíaca. Ela é uma total desregulação dos batimentos cardíacos por várias causas, que faz com que suas contrações sejam ineficientes para bombear o sangue do coração. Por isso, se não for tratada imediatamente com massagens cardíacas e choque elétrico de um desfibrilador, dificilmente se conseguirá revertê-la, configurando então parada cardíaca não recuperada, a morte súbita.

Os tratamentos atuais são muito eficientes no tratamento das mais diversas arritmias, vale dizer que o melhor medicamento num atleta é o que corrige a arritmia, não lhe tira o poder físico da explosão esportiva, não causa doping, diminuindo o risco de uma parada cardíaca. Dispositivos implantáveis debaixo da pele e músculos no tórax são fartamente usados, como os Marca Passos e os Desfibriladores Automáticos Internos (CDI), que salvam vidas e podem permitir, caso a caso, uma vida esportiva ou ativa fisicamente.

Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br