Coluna


Verdadeira bomba científica: mais problemas com energéticos

Publicado na maior revista de Cardiologia do mundo pelo Dr Alexandre M. Benjo e colaboradores , o primeiro caso confirmado de “Trombose aguda da artéria coronária esquerda relacionada à ingestão de bebida energética” (Left Main Coronary Artery Acute Thrombosis Related to Energy Drink Intake Circulation 2012, 125:1447-1448).

As bebidas energéticas sem dúvida se tornaram das mais consumidas pela população principalmente jovem. Em 2007, 51% dos universitários norte americanos haviam consumido pelo menos uma bebida energética no mês anterior, e 54% deles a tinham misturado com álcool. Várias citações científicas relacionaram o consumo dessas bebidas com morte súbita cardíaca, vasoespasmo de artéria coronaria, taquicardias (acelerações do coração) benigna e até arritmias graves que caminham para parada cardíaca. A maioria dos casos foram relacionados ao uso excessivo de energéticos e a mistura com bebidas álcoolicas concomitante. Um artigo científico publicado recentemente demonstrou que 250 mL de bebida energética pode causar alterações no revestimento interno de vasos sanguínios, chamadas de disfunção endotelial aguda, que produz uma aumento significativo na formação de coagulos perigosos e muitas vezes letais (superagregação das plaquetas) porque podem obstruir esses vasos. Quase todas bebidas energéticas disponíveis comercialmente têm os mesmos componentes: estimulantes, cafeína, glucuronolactone, taurina, e vitaminas. Nesse artigo os autores dizem que é difícil saber qual o componente é o responsável pela efeito na coagulação. A cafeína afeta as plaquetas por si só, e não há estudos dos outros componentes. Embora a sua função nas plaquetas não ser clara, a taurina tem sido encontrada em concentrações elevadas nas plaquetas. Efeitos das bebidas energéticas devem ser melhor analisadas devido ao seu explosivo consumo e seus efeitos potencialmente letais.

Evidente que a Medicina brasileira e os órgãos que controlam seu exercício como o Conselho Federal de Medicina e suas Regionais, além da ANVISA estão alertados e já demonstraram sua seriedade ao repudiar a comercialização de drogas e substâncias milagrosas perigosas pela internet e por “baixo do pano”, como os tais hormônios bio idênticos, anabolizantes e estimulantes dos mais variados e letais. Inúmeros esportistas ainda se utilizam dessas bombas para melhorar o desempenho artificialmente, como se estivessem muito bem treinados e tirando proveito disso, mas desconhecem o perigo, mesmo em jovens saudáveis de variadas complicações cardíacas.

Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br