Coluna
Doping, um ato não médico
Este ano tem sido para nós brasileiros contraditório, ao lado da escolha
para sede dos Jogos Militares Mundiais em 2011, sede da Copa do Mundo de
futebol em 2014 e da inédita escolha para os Jogos Olímpicos de 2016,
descobrimos que dezenas... sim dezenas de nossos melhores atletas (26 até
agora) tiveram confirmado o uso de substâncias químicas proibidas no esporte
, isto é , doping positivo e para completar, recentemente tivemos confirmada
a condenação por doping da nadadora Rebecca, pega nos Jogos Pan Americanos
do Rio de Janeiro em 2007 e excluída das competições oficiais e infelizmente
do envolvimento confesso da ginasta e campeã Daiane.
O que podemos extrair dessa marola inicial que virou uma onda gigante, antes
nunca vista entre nós?
1- Os exames antidopings não têm dia nem hora para serem realizados nos
principais atletas. Todos são exaustivamente informados com palestras e
cartilhas que não devem usar sequer pomadas ou cremes, sem antes perguntar
ao seu médico do esporte, o especialista responsável pela equipe.
2- O pior, alguns profissionais da saúde NÃO MÉDICOS, que confessaram (ou
estão sob suspeita), foram os agentes que induziram os atletas ao consumo de
substâncias proibidas para atletas, como os anabolizantes (melhoram e
aumentam a força muscular) e diuréticos (furosemide) que alteram a densidade
urinária mascarando a detecção de muitas substâncias proibidas na urina e
estimulantes que não seriam detectados pela baixa quantidade a ser ingerida!
3- O mundo mudou... o Comitê Olímpico Brasileiro, seguindo recomendações da
Agencia Mundial Anti Doping (WADA) formou um grupo de médicos especialistas
com todas as condições a partir de agora para controlar o doping entre os
atletas brasileiros , visando os Jogos Olímpicos de 2016.
4- Quanto mais exames forem feitos, mais detecções teremos. Já não era sem
tempo que curiosos, ditos terapeutas e outros, comerciantes de medicamentos
e drogas atuando livremente pela internet, estão sendo denunciados e
punidos.
5- Os esportistas e outros não atletas que curtem atividades físicas acham
mais fácil perguntar ao amigo do esporte sem formação médica, se aquele
suplemento faz mal ou não, trazendo um perigo agora tornado visível. Pessoas
estão utilizando suplementos, hormônios de crescimento, eritropoetina e
energéticos, sem nenhuma preocupação com os constatados riscos de
desenvolver câncer, hipertensão arterial, aterosclerose e infarto, porque
dizem usar poucas doses.
Triste ver atletas destruindo suas carreiras, jovens morrendo e outros se
intoxicando pela utilização de substâncias químicas e raízes de plantas,
agora decifradas pelos graves efeitos colaterais para a saúde imediata e
futura (exemplo: o tribullus, a Ma Huang e outras).
Cuidado, muito cuidado... pesquisa oficial da WADA demonstrou que 27,5 % dos
suplementos famosos vendidos livremente e entre nós, alguns com número
fajuto do Ministério da Saúde, estão “contaminados” com anabolizantes,
sibutramina e outras drogas, nenhuma delas constando dos rótulos.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br