Coluna
Academias e academias
Inacreditável, mas em menos de trinta dias tivemos em três alunas (idade
entre 35 e 45 anos) antigas clientes de duas famosas academias do Rio de
Janeiro, a temida parada cardíaca durante suas atividades físicas habituais.
Apenas uma teve a sorte de sobreviver após dias em coma. O que podemos
aprender desses lamentáveis fatos?
Há já alguns anos nos EUA se avaliaram as mortes em academias e, em
princípio, concluiu-se que uma equipe de emergência (igual as nossas CIPAs)
deveria ser obrigatória, composta por professores, além de um desfibrilador
semi-automático de fácil acesso em cada academia. Entre nós, por exemplo a
rede Runner seguiu exatamente essas recomendações e ainda contratou médicos
experientes para fazerem os exames de admissão de alunos. Os resultados das
avaliações apresentados em Congressos de Cardiologia surpreenderam: 33% dos
testes ergométricos feitos apresentaram alterações cardiológicas
(hipertensão arterial, arritmias e provável isquemia silenciosa ao esforço)
desconhecidas por esses alunos. Vejam então que a responsabilidade não é só
da academia como também do próprio interessado, a recomendação é de que as
academias só contratem médicos especialistas ou pelo menos experientes na
área do esporte/exercício, tudo que uma análise de currículo não resolva.
Não fazer exame de capacidade física antes da avaliação médica, é um risco a
ser evitado sempre, porque na física pode ocorrer algum evento médico
inesperado.
Afinal o que podemos exigir? Você que freqüenta academia ou que treina e
corre nos parques ou clubes, em primeiro lugar escolha um profissional de
educação física para te orientar pelo menos no início, confira seu
currículo. Segundo, faça a avaliação médica competente e não aceite um
quebra-galho qualquer (atestado fajuto)e inclua exames (teste ergométrico)
feitos por especialista.
Lamento voltar a esse assunto, mas não se pode aceitar, com todo o respeito,
MORTES evitáveis. O que determinou esse evento ou foram doenças cardíacas
não diagnosticadas ou desvalorizadas. Em São Paulo há dois anos atrás morreu
fazendo spinning numa academia que permanece aberta 24 h, um paciente
nosso proibido de fazer exercícios até segunda ordem. A academia
simplesmente acreditou na informação, verbal, que estava liberado.
Realmente “Ninguém Morre de Véspera” (editora Phorte) é uma afirmação
verdadeira e resume o que pensamos: apesar da fragilidade do ser humano, ele
pode ser cuidadoso com seu corpo fazendo a simples prevenção do risco de
doenças cardiovasculares.
Pratique exercícios físicos aeróbios 4 a 5 x por semana e acrescente
exercícios de fortalecimento muscular 2 x semana.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br