Coluna
Caramba, cadê as boas notícias?
Vamos lá, doping confirmado da nadadora, problema sério (tumor) com o Nenê
Hilário, aposentadoria precoce por lesão ortopédica do Guga, nova lesão
ortopédica no Ronaldo “fenômeno”, afastamento por arritmia cardíaca da Katia
jogadora de basquete e infelizmente a morte por arritmia de uma antiga
usuária da academia. Esse começo de ano está pesado para nós esportistas,
atletas e amantes dos esportes. O que parece ser... deve ser! Excessos
físicos e de uso de suplementos, falta de cuidado, pressa em voltar, falta
de ou erro na avaliação médica. Essas perguntas nos incomodam e muito.
Sem dúvida, nada acontece por acaso. O esporte há tempos mudou e deixou de
ser sinônimo de SAÚDE, os exemplos estão aí. Saúde é a pratica de atividade
física regular, dentro dos limites de cada um e de baixo risco, onde o
benefício adquirido hoje está bem claro para a ciência. O fato do esporte
ser tão traumático e exigente se explica pelo forte necessidade pessoal (e
comercial) de superação de todos os limites. Não podemos criticar os nossos
atletas, pois são PROFISSIONAIS e esperamos no mínimo que tenham uma equipe
multiprofissional cuidando para minimizar os riscos próprios de cada esporte
e orientando contra o doping. As lesões ortopédicas em geral são
conseqüência de gestos esportivos repetidos ou de excessos de toda ordem
vindos das exigências do esporte profissional atual. Nos idos dos anos 70
quando um Gerson ou Rivelino recebiam a bola, tinham vários segundos para
pensar e lançá-la magistralmente. Hoje basta receber a bola que um ou vários
adversários já estão juntos para “rachar” ou ganhar a jogada.
Doenças cardíacas não ocorrem pela pratica normal do esporte, estão
presentes mas não detectadas ou não valorizadas pelo esportista, atleta e
até mesmo pelos responsáveis. Isto, é o que aprendemos em mais de 35 anos de
experiência com cardiologia e medicina do esporte. Mais recentemente,
estudos demonstraram que o excesso de treinamento ( sem controle
profissional ) tem deixado sua marca patológica, não só ortopédica, mas
também imunológica. A resistência do organismo contra as viroses comuns por
exemplo, diminui em indivíduos que treinam em excesso ( ocorre diminuição
dos leucócitos e de complementos imunológicos ) facilitando as infecções
virais e em alguns, atingindo especificamente o coração, chamadas de
miocardites, mesmo dias depois da virose ter acontecido. São causadoras de
arritmias e outras complicações. Daí então, muitos esportistas e atletas
saudáveis, de repente, aparecerem com problemas cardíacos. Essa é uma das
situações mais preocupantes ultimamente.
O que fazer?
Voltamos a velha tecla, avaliações médicas especializadas anuais para a
maioria e semestrais nos esportes ou exercícios mais desgastantes. Estando
com infecção ou alguma doença, espere a cura para reiniciar as atividades
físicas. Importante lembrar que as avaliações não são um seguro de vida, mas
os riscos irão diminuir bastante.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br