Coluna
Perdemos. O doping no Pan 2007 é nosso!
Infelizmente, volto constrangido ao assunto doping, em setembro após o Pan
escrevi:
“Ganhamos o Pan, foram raros os casos de doping”.
O que falar neste momento? Realmente temos a obrigação de tentar esclarecer
o que aconteceu! Suspeita quase confirmada de doping no Pan e justo de uma
atleta da natação brasileira, ganhadora de medalhas de ouro. O caso ainda
está sob-judice na polícia civil do RJ, pela descoberta de que a urina
investigada, que normalmente é dividida em dois frascos numerados
aleatoriamente no momento da coleta, eram na verdade de diferentes pessoas
(isto pelo DNA) ainda não identificadas. Existindo então suspeita de troca
da urina examinada.
Do ponto de vista técnico e para melhor entendimento vamos explicar aos
leitores que a coleta é feita com o atleta despido e seu “sombra”, a pessoa
designada para acompanhá-lo o tempo todo, deve observar a micção em todos os
seus detalhes (principalmente anatômicos), para evitar a troca por urina de
“terceiros”, trazida num frasco escondido na vestimenta do atleta.
Neste fim de ano, ainda tivemos o desprazer de saber que mais um dos nossos,
agora um atleta paraolímpico, também teve seu exame de detecção de doping
positivo. Jogadores de futebol desconhecidos e famosos também foram pegos no
anti-doping! O que está acontecendo? Será que acham que somos idiotas?
A Medicina mundial e brasileira não é mais bobinha, que se encolhe com medo
dos famosos. Acabar com o doping e seus executores é o mesmo que esperar
acabar com os bandidos. No futuro teme-se o doping genético, mas vamos
continuar na luta. As polêmicas continuam e pelas notícias vão continuar.
Vemos atletas que confessam seus crimes de dopagem depois de anos, então,
vamos confiar nos controles que também se aperfeiçoam diariamente. Não posso
deixar de afirmar minha confiança no Dr Eduardo H. de Rose, um dos maiores
especialistas em Medicina do Esporte e responsável maior, pelo controle
antidoping no Pan e recentemente homenageado pela WADA – agencia mundial de
controle antidoping por sua seriedade e conhecimento do assunto.
Saibam que de acordo com o conhecimento médico/científico ninguém cresce de
altura e envergadura naturalmente, só fazendo exercícios. O aumento
exagerado do tamanho da massa muscular, aos olhos clínicos de um
especialista, quase que sinaliza o uso de alguma substância poderosa. A
constatação de que os esteróides anabolizantes detectados nos exames
antidoping de atletas, quase que em sua totalidade é de origem artificial,
isto é, não produzido pelo próprio organismo do atleta, confirma a má fé
existente.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br