Coluna
A maratona é atividade de risco à saúde?
Ano dos Jogos Pan-americanos e mais uma vez uma velha polêmica: Jornal NY
Times 07/12/06, revista Veja 18/12/06, e revistas médicas de alta
credibilidade discutem:
A atividade física extenuante como a maratona traz riscos ou benefícios?
Quantas por ano? Nessa discussão, uma junta médica do HCor – Hospital do
Coração e Inst. Dante Pazzanese de Cardiologia, composta pelos doutores
Giuseppe Dioguardi, Daniel Daher e Ricardo Francisco esclareceu algumas
dúvidas. Sendo uma corrida na qual a freqüência cardíaca mantem-se acima de
80-85% da máxima (inclusive no treinamento), e por tempo prolongado (2 a 6
hs, conforme o atleta), requer esforço físico muito longo e vigoroso e
trazendo os riscos:
A. Risco de morte súbita durante ou após a prova
1. Aqueles com alguma doença cardíaca prévia ou ainda portando uma infecção
não curada (seja por vírus ou bactéria)
2. Os que tem algum sintoma clínico durante os treinamentos ou na prova
3. Os que não repõem adequadamente nutrientes, líquidos, sódio e potássio
B. Risco de desenvolver uma doença cardíaca no futuro
1. Entre os corredores existe maior tendência de arritmias cardíacas
benignas, mas eventualmente algum poderá desenvolver arritmias mais graves.
2. Aparecimento de danos no coração dos maratonistas sadios. Alguns
corredores apresentaram, após a maratona de Boston, aumento de substâncias
(enzimas) que só existem dentro das células do miocárdio (esse resultado
chegou a ocorrer em 40% dos examinados). O significado real destas
alterações ainda é incerto, por não significar obrigatoriamente lesão
cardíaca irreversível, visto que não há maior quantidade de doenças
cardíacas em maratonistas do que na população em geral (ao contrário os
maratonistas tem menos risco de infarto do que os sedentários). O nosso
grupo de cardiologia do esporte , por coincidência, também estudou
maratonistas paulistas e deve repetir essas pesquisas na maratona de 2007
ainda com mais detalhes.
Com o conhecimento científico adquirido na atualidade podemos aconselhar
àqueles que desejam ser maratonistas amadores ou profissionais:
1. Continuar com a prática da maratona por todos aqueles, que estejam na
ocasião, em perfeitas condições de saúde.
2. Todos aqueles que não se submeterem a exame médico especializado ou
aqueles que apresentarem alguma doença de risco e os não adequadamente
preparados para este tipo de competição desgastante, devem evitar participar
de maratonas.
3. Limitar a quantidade de participações, especialmente dos esportistas
amadores, a duas (ideal) ou no máximo três por ano, mas com avaliações
cardiológicas competentes e detalhadas.
4. Atletas profissionais de qualquer idade e outras pessoas (esportistas em
geral) que tenham 60 anos ou mais devem fazer avaliações multiprofissionais
para participação em maratonas, meses antes.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br