Coluna
Morte Súbita: passado, presente e futuro
O ontem já foi vivido, o amanhã a Deus pertence, nos resta encarar o
presente! O que se viu e ouviu nos remete a várias reflexões. Nos lembraram
de atletas falecidos tragicamente no esporte, uns famosos outros não,
discutiram culpados e condutas médicas, indicaram erros em geral ( quase que
o motorista foi o culpado) sem o menor conhecimento do assunto em
questão.Vários profissionais da saúde especialistas ou não, mas pouco
afeitos à medicina de emergência e ao esporte, aproveitando o momento e
ainda de última hora opinaram, invadiram a privacidade de muitos atletas
vivos, sem a menor ética, e vejam só tiveram a coragem de condenar a
tentativa heróica de salvamento do infeliz atleta, nas condições críticas e
emocionais daquele momento trágico. Sem um treinamento repetido até exaustão
qual o bombeiro que se mantém eficiente? Uma Brigada de Emergência do
Resgate treina diariamente, agora os nossos médicos heróis não habituados
àquela situação terrível, fizeram o recomendável e possível.
Voltando do Congresso Médico 100 anos da FIFA, onde fomos bombardeados com
perguntas sobre a morte súbita no futebol, que coincidentemente era uma das
nossas duas conferências, gostaria de esclarecer alguns pontos. O atleta não
teve até o momento definida a causa de sua morte; nessa faixa de idade o
mais freqüente é uma cardiopatia congênita ou genética ou infecciosa (uma
Virose ou doença de Chagas etc.) o esporte mesmo intenso feito por atletas
de coração sadio, nunca é causa de risco de morte; só ocorre um evento
cardíaco como arritmia e morte num coração previamente doente mas cuja
doença era desconhecida ou não valorizada pelo atleta-paciente ou seu
responsável. Sabemos que 85% das mortes súbitas ocorrem após grave e
instantânea arritmia conhecida como fibrilação ventricular, cujo único
tratamento é um choque com desfibrilador externo. Após manter circulação
cerebral com sangue minimamente oxigenado pela massagem cardíaca e
respiração boca a boca, devemos dar o choque que PODE salvar 70% dos casos
se atendidos em até 3 minutos. Portanto quero deixar claro que mais ética e
respeito devemos ter nesse momento, medidas urgentes futuras obrigatórias
por lei, de exames médicos prévios completos para atletas competitivos no
início de cada temporada e brigadas de emergência de não médicos bem
equipadas para atender atletas e torcedores deverão ser implementadas.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br