Coluna
Atleta de 86 anos no curso de cardiologia para esportistas
São Paulo - O primeiro curso de Cardiologia do Exercício e do Esporte da
América Latina começa dia 31, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,
em São Paulo, com a presença de um atleta de 86 anos, em plena forma física.
Acredite.
Será a oportunidade para que não só médicos, mas também profissionais de
reabilitação, educadores físicos e instrutores de academias estudem as
modificações que as exigências extremas das provas atléticas impõem ao
coração, mas também as recomendações para o exercício dos pacientes
cardíacos.
É que cada dia mais pessoas que passaram por angioplastia, tiveram implante
de safena no coração ou então sofreram enfartes, passam a freqüentar as
pistas e academias para recuperar qualidade de vida, através do exercício.
O responsável pelo Curso, Nabil Ghorayeb, explica que o pioneirismo da
iniciativa teve um resultado surpreendente, pois 60% das pré-inscrições são
de profissionais de outros Estados, que vêm a São Paulo em busca de
informações sobre esse setor de desenvolvimento recente, dentro da
Cardiologia.
Atleta de 86 anos
Um dos atletas que será apresentado no curso é o recordista mundial de
lançamento de dardo, um descendente de japonês com 86 anos e que ainda corre
diariamente três quilômetros, em 30 minutos e participa de provas como a
subida do morro do Jaraguá. Ele é um 350 atletas idosos monitorados pelo
Secção do Exercício e do Esporte do Dante Pazzanese, todos eles com mais de
65 anos.
Ghorayeb explica que a Sociedade Brasileira de Cardiologia incentivou a
realização do curso, que reunirá durante dois dias os maiores especialistas
do setor, principalmente para divulgar as modificações fisiológicas do
coração submetido a cargas excepcionais.
“Quando em repouso, muitos atletas apresentam bradicardia”, explica ele,
isto é, registram 40 e mesmo 30 batimentos do coração por minuto, quando o
normal para um não atleta é de 80 batimentos e mesmo mais. “O que seria um
sintoma de doença de condução elétrica do coração, no atleta é uma condição
saudável, resultado da adaptação do órgão ao esporte”, afirma o médico.
Outra modifcação comum no coração do atleta é a hipertrofia, afirma o
cardiologista. O coração do atleta é maior que o normal, mas isso não
representa problemas, embora no não atleta o sintoma possa indicar
estreitamento da válvula aórtica ou hipertensão.
Essas modificações influem nos critérios de exame médico do atleta, mas o
curso irá além, pois há temas tão diversos como aspectos psicológicos,
nutrição e suplementos no esporte, hidratação-hipertemia, cada tema
apresentado por um especialista, temas considerados tabú, como a morte
súbita do atleta, radicais livres e oxidação celular, diagnóstico e
tratamento do atleta, no que diz respeito a arritmias, dislipidemias,
hipertensão e valvopatias e também as situações especiais. Nessa área, será
discutido o exercício competitivo na criança, no idoso e a síndrome do
supertreinamento cardiovascular.
O curso engloba ainda a avaliação cardiovascular antes de uma competição,
vital para evitar as mortes durante corridas longas como maratonas que, só
em São Paulo, somaram seis óbitos em dois anos, os aspectos da fisiologia
cardiovascular no exercício, do metabolismo do sangue e as avaliações por
métodos gráficos, através de eletrocardiograma, ergometria, teste
cardiopulmonar e holter para estudo eletrofisiológico.
As inscrições para o curso, que vale pontuação para as provas de revalidação
do título de especialista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, podem ser
feitas pelos telefones (11) 5085-4024 ou 5085-4099.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br