Coluna
Quem costuma malhar tem risco de vida?
Verdadeiro contraponto, essa coincidência, dois dias antes da tragédia
de Lyon (morte do jogador de Camarões) e depois entre nós, a morte do
futebolista de Ribeirão Preto, foram publicadas as novas diretrizes da AHA –
American Heart Association demonstrando o indiscutível benefício da
atividade física na prevenção e tratamento da doença aterosclerótica
cardiovascular: Exercise and Physical Activity in the Prevention and
treatment of Atherosclerotic Cardiovascular Disease, na revista Circulation.
O texto esclarece as indiscutíveis evidências dos benefícios da atividade
física do tipo aeróbica feita regularmente. A ênfase agora é para que o
médico oriente e não apenas recomende a atividade física para seu paciente.
Além de prevenir o desenvolvimento da doença arterial coronária (angina e
infarto) e reduzir os sintomas se essas doenças já estão estabelecidas,
também ficaram demonstradas redução de outras doenças crônicas: diabetes
tipo II, osteoporose, obesidade, depressão e câncer de mama e do colo.
Inúmeros e-mails pediram mais esclarecimentos sobre a confusão das notícias
sobre morte súbita no esportes e outros problemas cardiológicos, perguntam
se esporte pode provocar Morte Súbita. Ótima questão! vamos esclarecer
alguns fatos: 1- esporte não é vacina contra infarto! CERTO, pois o
exercício per si, não funciona no seu benefício, se os outros fatores de
risco não forem combatidos e corrigidos (pressão alta, colesterol elevado,
obesidade, diabetes, fumo etc.), fica só o prazer de praticar atividade
física. 2- O excesso de exercício pode provocar danos no coração, ERRADO,
porque se não houver doença cardíaca prévia, o esporte ou exercícios não
irão transformá-lo em doente. As morte de atletas ocorreram em quem tinha
problemas cardíacos e aí...! O que às vezes pode ocorrer é que na avaliação
inicial desse esportista, não foi detectada anomalia cardíaca, seja por
incapacidade técnica de quem avaliou ou porque não fizeram todos os exames
necessários ou infelizmente porque foram feitos por não médicos, como
exemplo o caso de um teste ergométrico (que só deveria ser feito por
cardiologista que analisa instantaneamente o eletrocardiograma e avalia os
dados clínicos, fundamentais durante o teste) feito em algumas "clínicas"
por secretárias ou atendentes (ou até a tia) e que depois o médico dará o
laudo, isto é PROIBIDO pela legislação médico/sanitária pelos riscos de
erros possíveis no laudo. Para o eletrocardiograma está autorizado um
técnico fazê-lo e o cardiologista dar o laudo em seguida. 3- Há necessidade
de avaliação clínica antes do esporte? SIM, dependendo de cada caso. Já
falamos sobre isto, mas vale lembrar, quem tiver mais de 35 anos deve
submeter-se à avaliação clínica antes; como também quem tiver parentes
próximos, com problemas cardiovasculares; quem tiver fatores de risco; quem
nunca fez exercícios intensos; quem tiver algum sintoma clínico não habitual
e suspeito. 4- Fui esportista na juventude, posso voltar com tudo? NÃO, faça
sua avaliação detalhada antes, como se nunca tivesse sido esportista. O
importante como viram e que se faça atividade física ou esportiva no clube,
no parque, no condomínio ou outros locais mas com qualidade e sem medo.
Prometo ainda voltar ao assunto.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br