Coluna
Pode parecer estranha a pergunta:
Qual o melhor para a saúde: exercício ou esporte?
Do ponto de vista médico, qualquer atividade física é saudável, inúmeras
pesquisas recentemente publicadas, comprovam que pelo menos 30 minutos por
dia de atividade física moderada (por exemplo, caminhadas de 100
metros/minuto) , na maioria dos dias da semana (não menos do que dois)
resulta em benefício a partir de 14 semanas de exercício regular. A
diminuição do risco de um ataque cardíaco se aproximou dos 40% em cinco anos
de acompanhamento médico. Essa pesquisa foi divulgada pelo National
Institute of Health em julho e agosto de 1996, no JAMA e JACC. Hoje é aceito
que até andar lento e regular dos idosos, mudou a qualidade e quantidade de
vida dos mesmos, este fato constatado entre outros, pelo Honolulu Heart
Program. No ano de 2000 a World Heart Federation indicou para a população em
geral, que fosse estimulada a simples "Caminhada" para todos, pois não exige
treinamento, técnica, equipamentos ou instrutores. A Sociedade Brasileira de
Cardiologia, pelo FUNCOR e DERC, recomenda também, quando possível e com
tempo, escolher locais onde haja menos poluição ambiental e "escapamentos",
proteger-se da insolação ( e dos bandidos !!! ), não sair em jejum, tomar
água à vontade aos goles, usar tenis em bom estado, não continuar o
exercício caso canse ou sinta algo.
O esporte também ajuda na manutenção da saúde?
Sem dúvida é útil, porém desde criança participar de atividades físicas
regulares não competitivas deve ser estimulado e é fundamental que seja
mantido por toda a vida, e caso pratique esportes, os coletivos como o
futebol, basquete, vôlei, handebol e outros, são os recomendados por
trazerem maior sociabilização e aprendizado. O trabalhar em equipe, é muito
importante para uma boa formação humana na vida adulta. Uma vitória ou uma
derrota será dividida entre todos, trazendo uma convivência harmoniosa.
O esporte individual e unilateral, tem que ter uma firme orientação técnica
, psicológica e médica, pois tem trazido muita decepção e carreiras
encerradas precocemente, ao se atingir a idade adulta. Campeões juvenis ,
muitas vezes, não querem ouvir mais falar do esporte que tão bem praticavam,
por esgotamento físico e excesso de cobranças de todos (família e
empresários!)
Os benefícios da atividade física para a saúde, só serão mantidos, caso ela
não seja abandonada. Jovens ativos que depois passaram à uma vida sedentária
quando adultos, tiveram alta incidência de doenças cardiovasculares,
semelhante a dos sedentários.
Mesmo os que nunca sentiram nada e que estão jogando sempre, devem fazer
exames?
Para a pratica esportiva em alguns países, como a Itália por exemplo, existe
a exigência oficial ( por lei ), do exame médico pré - participação
esportiva. Vale lembrar que deve ser incluido o teste ergométrico por
esteira ou bicicleta, só válido se realizado por cardiologista habilitado.
Em nossos arquivos de avaliação de atletas amadores e profissionais, de
todas as modalidades esportivas, que soma aproximadamente 3000 atletas, na
Seção de Cardiologia do Esporte no Instituto Dante Pazzanese e no Centro de
Medicina Esportiva do Hospital do Coração – Assoc do Sanatório Sírio,
mostraram que na faixa até 35 anos cerca de 8% deles, tinham alguma
anormalidade a ser esclarecida e que foi tratada em tempo. As soluções
rapidamente conseguidas fez com que insistíssemos na obrigatoriedade dessa
avaliação anual, de rotina e não só em vésperas de Mundiais ou Olimpíada.
Importante ressaltar nessa oportunidade que no Brasil, já contamos com
profissionais excelentes na área médica, fisiológica, nutricional,
psicológica e técnica para comporem uma equipe multiprofissional de nível
internacional, tanto para quem não dispõe de condições financeiras como para
os que tem patrocinadores.
Concluindo o importante é ser ativo fisicamente, agregar ao cotidiano o
subir escadas, caminhar sempre que possível, jardinagem etc.
Nabil Ghorayeb
nghorayeb@terra.com.br