CONSENSOS E DIRETRIZES

Indicações, limitações e vantagens da MAPA

As principais indicações da MAPA são: hipertensão de consultório; HA limítrofe; hipertensão episódica; avaliação do efeito terapêutico anti-hipertensivo quando houver dúvidas do controle da PA em 24h. São consideradas outras indicações da MAPA, os sintomas sugestivos de hipotensão; a suspeita de disfunção autonômica; episódios de síncope; pesquisa clínica.

As limitações da MAPA são: distúrbios no trabalho e no sono; arritmias freqüentes; grandes obesos; síndromes hipercinéticas; presença de hiato auscultatório; Parkinsonismo; normatização de dados não completamente estabelecida até o presente; custos.

As principais vantagens da MAPA são: obtenção de múltiplas medidas nas 24h; avaliação da PA durante as atividades cotidianas; avaliação da PA durante o sono; avaliação do padrão circadiano da PA; avaliação das médias, cargas e variabilidade da PA; identificação da reação de "alarme"; atenuação do efeito placebo; avaliação do efeito anti-hipertensivo nas 24h; possibilidade de estratificação de risco.

Vantagens da MAPA sobre a metodologia convencional no diagnóstico e prognóstico

Estudos têm demonstrado diferenças entre medidas tensionais realizadas no consultório médico e aquelas obtidas nas atividades diárias 9,10. A MAPA tem se correlacionado de forma mais estreita com as medidas intra-arteriais que as aferições casuais 11. A hipertensão de consultório ou do avental branco caracteriza-se pela elevação sistemática da PA em presença do médico, não reproduzida em outras situações 12. Achado que pode se correlacionar com uma reação de "alarme" no início da monitorização e normalização da PA no restante do período. Este tipo de hipertensão pode corresponder a cerca de 30% dos pacientes rotulados como hipertensos leves, podendo a MAPA discriminá-los 13.

Há evidências recentes de que a hipertensão de consultório possa não ser tão benigna como se pensava, ocorrendo maior possibilidade de acometimento de órgãos-alvo que em populações normotensas, porém, em menor escala que em hipertensos 14. Entretanto, outros autores demonstraram semelhante possibilidade de eventos cardiovasculares para esse grupo de indivíduos quando comparados com uma população de normotensos 15, contudo, não existem evidências de benefícios de intervenções medicamentosas nesse grupo de pacientes 16.

A MAPA tem se mostrado útil na avaliação da PA limítrofe e na hipertensão episódica, por analisar maior quantidade de parâmetros, como: cargas e médias pressóricas, variabilidade e outras variáveis, com conseqüente acréscimo de informações que auxiliarão na definição diagnóstica e decisão de condutas.

Em pacientes submetidos à terapêutica anti-hipertensiva, a MAPA contribui para a avaliação da eficácia terapêutica nas 24h, análise de escapes tensionais e/ou excessivo controle da pressão 17.

Medidas casuais da PA vêm sendo utilizadas há vários anos para avaliação e quantificação prognóstica da HA. O advento da MAPA trouxe, entretanto, melhores correlações entre os dados obtidos através deste método com lesões em órgãos-alvo e morbi-mortalidade cardiovascular 18.

A PA obtida com a MAPA apresenta, em geral, quando comparada com as pressões obtidas em consultório, uma melhor correlação com lesões de órgãos-alvo 19 e, particularmente, com marcadores individuais de hipertrofia ventricular esquerda 20 e função ventricular 21 (PAS e PAD), por exemplo.

Em relação às cargas pressóricas há evidências na literatura que em pacientes com cargas superiores a 50%, 93% apresentavam aumento do índice de massa do ventrículo esquerdo (VE). Por outro lado quando a carga pressórica era <40% a correlação com alterações funcionais do VE eram <17% 22.

A variabilidade da PA em 24h também se correlaciona fortemente com alterações em órgãos-alvo, apresentando pior prognóstico para eventos cardiovasculares 23, embora ainda não tenhamos valores referenciais, através da MAPA, para análise deste parâmetro.

Outro aspecto importante para estabelecimento prognóstico relaciona-se à queda da pressão verificada entre os períodos de vigília e sono 24. A intensidade da queda observada entre esses períodos relacionou-se inversamente com a massa do VE obtida pelo ecocardiograma 25. Outras evidências recentes nos dão conta da importância da queda da PA durante o sono, com relação a maior probabilidade de ocorrência de microalbuminúria 26 (marcador precoce de lesão renal), infartos lacunares 27, hipertrofia ventricular esquerda 28, alterações funcionais do VE 21.

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