PRESSÃO DE CAPILAR PULMONAR
A pressão de capilar pulmonar (PCP)
reflete, com bastante acurácia, a pressão de átrio esquerdo
(PAE). Através da insuflação do balão, que oclui um ramo
da artéria pulmonar, podemos abolir a pressão diferencial
entre os ramos distais da artéria pulmonar em relação à
ponta do cateter e os capilares e veias pulmonares, e o átrio
esquerdo. Através de um sistema de vasos comunicantes, a PCP
reflete a PAE. As variações fásicas do traçado de PCP
obtido desta maneira, são similares às do átrio esquerdo.
Durante a diástole do ventrículo esquerdo, e na ausência de
obstrução da válvula mitral, PAE e pressão diastólica de
ventrículo esquerdo (PdVE) têm uma correlação muito
próxima. Assim, determinando- se a PCP, uma estimativa da
PdVE pode ser obtida.
No final da diástole, a pressão
diastólica de artéria pulmonar (PdAP), a PCP, a PAE e a PdVE
são virtualmente idênticas. Uma correlação excelente entre
PCP e PAE tem sido demonstrada em pacientes com doença
arterial coronariana e doença valvular cardíaca. No entanto,
em níveis elevados de PCP (acima de 25 mmHg), existe
discrepância entre estas pressões, relacionada às
diferenças entre a complacência das veias pulmonares e do
átrio esquerdo.
A ventilação mecânica e a pressão
positiva no final da expiração (PEEP), também produzem
diferenças variáveis entre a PCP e a PAE. Altos níveis de
PEEP, aumentam a pressão de átrio direito (PAD), a PAP e as
pressões pleurais. Embora, em geral, a PCP tende a aumentar
com o PEEP, diminuição ou não alteração dos valores da
PCP também têm sido relatadas. A posição de cateter, a
complacência pulmonar, o nível de PEEP, o tipo de
ventilação , e o nível inicial da PAE contribuem para estas
discrepâncias. Com níveis de PEEP abaixo de 10 cm H2O,
as diferenças entre PCP e PAE são mínimas, sendo que as
disparidades aumentam com níveis de PEEP superiores a 10 cm H2O.
Em pacientes com ventilação mecânica, a medida da PCP deve
ser obtida no final da expiração, pois é o momento que
corresponde ao final da desinsuflação passiva, quando a
pressão pleural é igual à pressão atmosférica (Fig. 3).
Figura 3 - Oscilação da curva de
pressão de capilar pulmonar ( PCP ), em paciente com
ventilação mecânica. O ponto ideal para aferição da
PCP é ao final da expiração.
Com PEEP ou esforço expiratório, com
contração ativa da musculatura expiratória, a pressão
pleural pode exceder os valores de repouso normais. Embora
valores elevados de PEEP (>10 cm de H2O), têm o
potencial de interromper a coluna de sangue entre o átrio
esquerdo e a ponta do cateter de artéria pulmonar, fazendo
com que a PCP reflita a pressão alveolar ao invés da PAE, os
estudos têm demonstrado que, na maioria dos pacientes
(incluindo aqueles com síndrome da angústia respiratória do
adulto), não existem discrepâncias relevantes entre
determinações simultâneas de PCP e Pd2VE em
valores de PEEP variando de 0,16 a 20 mmHg. Para a aferição
da PCP nestes pacientes, não é recomendada a retirada ou
diminuição do PEEP, que pode levar à hipóxia e
instabilidade hemodinâmica.
A posição do cateter no tórax e sua
relação com o átrio esquerdo são também importantes para
a adequada reflexão da PAE quando medimos a PCP. O acesso à
PAE quando medimos a PCP, depende da presença de fluido
(sangue) preenchendo os segmentos vasculares entre a ponta do
cateter e o átrio esquerdo. O enchimento dos segmentos
intermediários (capilares e veias pulmonares), depende da
pressão da artéria pulmonar (PAP), da pressão alveolar, da
PAE, e da relação hidrostática entre os vasos sangüíneos
e o átrio esquerdo. Quando a pressão alveolar excede a PAP e
as pressões venosas pulmonares, como na zona 1 do modelo de
West (ápice do pulmão), a microvasculatura é comprimida e o
sistema de fluidos deixa de existir. A pressão das vias
aéreas é então transmitida para a porção colapsada da
vasculatura pulmonar. O centro do pulmão é a zona 2. Nesta
zona a pressão alveolar é maior que a pressão venosa
pulmonar, mas é menor do que a PAP, e a microvasculatura
pulmonar apresenta- se apenas parcialmente colapsada. As bases
pulmonares são a zona 3, onde as pressões arteriais e
venosas pulmonares são maiores do que a pressão alveolar.
Nesta região, a vasculatura pulmonar permanece preenchida por
fluidos, sem sofrer compressão, refletindo com acurácia a
PAE (Fig. 4). Na posição supina, a maior parte do pulmão
encontra- se na zona 3, que neste caso corresponde à região
posterior dos pulmões. Quando a ponta do cateter encontra- se
na zona 3, o traçado da PCP geralmente demonstra ondas a e v
bem distintas, que correspondem respectivamente à contração
atrial e à contração ventricular.
Fig. 4- Representação
esquemática do pulmão de um paciente na posição sentada.
Na zona 1, a pressão alveolar é maior do que a pressão de
capilar pulmonar ( PCP ), que se encontra colabado. Nesta
região, o orifício distal do cateter de artéria pulmonar
sente apenas a pressão intra-alveolar. Na zona 2, os
capilares pulmonares estão parcialmente colabados, não
permitindo a acurácia das medidas de PCP. Na zona 3, a
pressão intravascular excede a pressão intra- alveolar, e os
capilares pulmonares estão totalmente abertos, permitindo a
medida correta da PCP. Na posição supina, a zona 3
corresponde à região posterior dos pulmões.
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